quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Palma cresce com indicação de gordura “trans” em rótulos

A legislação brasileira que obriga os rótulos de alimentos a indicar a quantidade de gordura hidrogenada (trans) contida no produto está alavancando o mercado interno da Agropalma, maior fabricante de óleo de palma da América Latina. Também conhecido como óleo de dendê, o produto não precisa ser hidrogenado para servir como gordura à indústria alimentícia, o que garante um produto final mais saudável em relação ao principal concorrente, o óleo de soja.
Para o diretor comercial da Agropalma, Marcello Brito, o fato de não gerar gordura trans nas massas, biscoitos e sorvetes foi o fator principal para que o óleo de palma superasse o de soja como o mais utilizado do mundo, há dois anos. Na safra 2005/2006, foram consumidos 35,2 milhões de toneladas de óleo de palma e 33,4 milhões de toneladas de óleo de soja, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
No mercado americano, a lei que exige a rotulagem da gordura trans é do ano passado e fez o país quadruplicar as importações de óleo de palma em quatro anos, somando 1 milhão de t em 2006.
A situação no Brasil também autoriza o otimismo das empresas do setor: “No segundo semestre de 2006, o segmento de food service no Brasil saltou de 15% para 30% das vendas da Agropalma”, afirma Brito. Já as exportações deverão cair de 40% das vendas no ano passado para 15% em 2006 e para 10% no ano que vem. O motivo é a valorização do real.
Planos de expansão
Mas o crescimento do mercado interno anima a companhia e está mudando seu foco comercial. “Estamos ampliando a área plantada e devemos inaugurar uma nova fábrica de esmagamento no Pará em 2007”, adianta Brito. Dos 60 mil hectares plantados com palma no País, 33 mil pertencem à Agropalma. A empresa responde por 75% do óleo de palma produzido no Brasil.
Com os novos investimentos, a capacidade de esmagamento de cachos de palma da empresa vai saltar 50%, de 132 toneladas por hora para 192 toneladas por hora.
Para atender o novo foco de mercado — mais voltado ao Brasil e com crescimento de demanda no setor de food service — a Agropalma está investindo também em novos produtos e vai lançar uma linha de margarinas e óleos para panificação.
Além disso, foi ampliada a rede de vendas para crescer em novos mercados dentro do País. Desde que entrou timidamente nas vendas para cozinhas industriais, há três anos, a Agropalma vendia apenas na Região Norte. Em 2006, a rede de vendas para food service foi ampliada para Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, com exceção de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Preços em elevação
Brito considera uma perda de oportunidade o Brasil estar reduzindo as exportações de óleo de palma em um momento em que o cenário mundial para o produto é extremamente favorável.
“Estamos nos especializando em perder o bonde. Enquanto a produção brasileira está estagnada, a Colômbia vai plantar 150 mil hectares de palma e o pequenino Equador, 100 mil hectares”, salienta o diretor da Agropalma.
Malásia e Indonésia, que representam cerca de 85% das exportações mundiais do óleo de palma, também estão elevando fortemente a produção.
A Malásia produziu de janeiro a novembro 14,7 milhões de toneladas de óleo cru, 6,1% acima do mesmo período do ano passado. Já a produção da Indonésia deverá saltar 12% no ano que vem, atingindo 16,4 milhões de toneladas.
Ainda assim, o aumento da oferta não é capaz de deprimir os preços devido ao aumento da demanda. Segundo o USDA, as importações de óleo de palma dos Estados Unidos devem crescer 30% em 2007. Já a Europa deverá comprar 25% mais no ano que vem. “Hoje, um em cada 10 produtos em um supermercado europeu incluem o óleo de palma na fabricação”, calcula Brito.
Mas não é só na alimentação que o óleo de palma está despontando. Também a produção de biodiesel está aumentando a demanda por esse produto. Embora o setor de biodiesel de palma ainda seja pequeno no mundo, as perspectivas são de crescimento.
A Malásia, que atualmente usa 1,8 milhão de toneladas ao ano para fabricar biodiesel, planeja chegar em 6 milhões de toneladas em cinco anos. Além disso, a destinação de quantidades maiores de milho e soja para a produção de biocombustíveis faz subir as cotações dos derivados de palma, que podem substituir produtos de outras origens.
O resultado é uma alta de 30% nos preços internacionais do óleo de palma nos últimos 12 meses. A tonelada é cotada hoje a US$ 570, posta no Porto de Roterdã (Holanda). Em dezembro de 2005, o preço médio do produto ficou em US$ 440.

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